Dra Thaís Figueiredo

DIARREIA: QUANDO PREOCUPAR?

Quem nunca teve um episódio de diarreia? É um sintoma incômodo e que muitas vezes gera preocupações nas pessoas pelo medo de ser o indício de alguma doença mais grave. Existem vários tipos de diarreia e alguns sinais de alarme merecem atenção. É sempre importante estar vigilante em relação à hidratação devido à grande perda de líquidos pelas fezes.

Qual a definição de diarreia?

A diarreia consiste no aumento da frequência das evacuações (três ou mais episódios por dia) e/ou redução na consistência das fezes (líquidas).

Também é conhecida como: desinteria, gastroenterite, desando, desarranjo e dor de barriga.

homem com mãos na barriga com expressão de dor

Qual a diferença entre diarreia aguda e crônica?

Em relação ao tempo de duração, a diarreia pode ser classificada em:

1- Aguda: até 14 dias de duração;

2- Subaguda ou persistente: duração de 14 a 30 dias;

3- Crônica: duração maior que 1 mês.

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Quais são os tipos de diarreia?

De acordo com o mecanismo causador da diarreia, podemos dividi-la em:

1- Secretora: ocorre quando o intestino secreta uma quantidade maior de água para as fezes;

2- Osmótica: presença de certas substâncias que dificultam a absorção de água pelo intestino, fazendo com que essa água se acumule nas fezes;

3- Inflamatória: inflamação causa perda da integridade da mucosa intestinal;

4- Motora: causada por alterações na movimentação do intestino, tornando o trânsito intestinal mais rápido.

Quais as causas de diarreia?

As diarreias agudas são mais comumente causadas por infecções por vírus, bactérias ou parasitas (conhecidas como gastroenterites agudas), por intoxicação alimentar ou por efeitos colaterais de medicamentos.

Já as diarreias crônicas podem ser devido a Síndrome do Intestino Irritável, intolerâncias alimentares (como a intolerância à lactose), Doenças Inflamatórias Intestinais (Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa), Doença Celíaca, doenças que causam má absorção, câncer colorretal, dentre outras.

Sempre é importante avaliar hábitos alimentares, alimentos ingeridos nas últimas horas, histórico de viagens recentes, exposição a água contaminada e acesso a saneamento básico. Alguns medicamentos também podem causar diarreia e devem ser investigados.

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mulher demonstrando estar doente segurando um papel higiênico

Quais sintomas podem ocorrer junto com a diarreia?

Além das alterações na frequência e consistência das fezes, é comum que apareçam os seguintes sintomas associados:

– Cólicas abdominais;

– Barriga estufada e excesso de gases;

– Aumento dos movimentos intestinais (“barulhos” na barriga);

– Náuseas (enjoo) e vômitos;

– Dor no corpo;

– Dor de cabeça;

– Sintomas de desidratação (tontura, desmaio, redução do volume da urina, fraqueza, boca seca, olhos fundos).

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Quando devo me preocupar com a diarreia?

Sempre devemos ficar atentos aos sinais de alarme durante episódios de diarreia, que indicam a necessidade de procurar atendimento médico:

– Febre alta;

– Sangue ou pus nas fezes;

– Sinais de desidratação;

– Vômitos persistentes;

– Tontura;

– Dor abdominal intensa;

– Diarreia no período noturno, que acorda o paciente;

– Presença de mais de 6 episódios de evacuações/dia;

– Prostração importante;

– Perda de peso importante;

– Histórico de câncer colorretal em familiares de primeiro grau;

– Idade acima de 70 anos ou menores de 3 meses de idade.

Além disso, a duração da diarreia também é um fator importante: diarreias crônicas (duração superior a 30 dias), sempre devem ser avaliadas por um gastroenterologista, para que possa ser investigada a causa e realizado o tratamento direcionado para essa causa.

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Quais exames precisam ser realizados para a diarreia?

Os quadros de diarreia aguda geralmente são autolimitados, com resolução espontânea e sem a necessidade de realizar exames para investigação.

Os exames devem ser considerados se suspeita de complicações, na presença de sinais de alarme e nos quadros crônicos. Não existe um consenso sobre quais exames precisam ser solicitados. Eles deverão ser selecionados de acordo com as causas prováveis.

Qual médico procurar quando estiver com diarreia?

O médico especialista nas doenças intestinais é o gastroenterologista. No caso de diarreias com duração mais prolongada, sinais de complicações ou presença de sinais de alarme, esse especialista deve ser procurado. Ele investigará a causa da sua diarreia, e conseguirá te tratar de forma adequada.

A Dra. Thaís Figueiredo Araújo é gastroenterologista, formada pela residência médica na Santa Casa de Belo Horizonte. Ela pode te ajudar a aliviar os seus sintomas!

Qual o tratamento para a diarreia?

O tratamento dos episódios de diarreia aguda consiste basicamente em: hidratação e uso de medicamentos sintomáticos (como analgésicos, antitérmicos e remédio para náuseas / vômitos). A maioria dos casos poderão ser tratados em domicílio, mas se sinais de desidratação importante ou presença de sinais de alarme, pode ser necessária a hospitalização.

Em relação à diarreia crônica, precisamos investigar qual é a causa dos sintomas prolongados. O tratamento será direcionado para cada caso. O uso de medicações antidiarreicas pode ser indicado para controle dos sintomas, mas somente sob supervisão médica.

Antibióticos podem ser necessários em casos de diarreias infecciosas causadas por bactérias, que devem ser suspeitadas na presença de: febre alta, fezes com sangue e/ou pus, duração do quadro superior a uma semana.

Os probióticos tendem a reduzir a gravidade e a duração da diarreia aguda infecciosa.

As parasitoses / verminoses devem ser investigadas e, quando detectadas, tratadas.

Se identificados medicamentos que potencialmente possam ser a causa da diarreia, deve-se avaliar a suspensão dos mesmos.

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Posso tomar medicamentos para “prender” a diarreia?

Os medicamentos utilizados para “prender” a diarreia nunca devem ser utilizados sem prescrição médica. Nos quadros de diarreia de causa infecciosa, essas medicações podem ser bastante perigosas.

Em casos específicos, os antidiarreicos podem ser indicados para reduzir a frequência e o volume das evacuações.

Como realizar a hidratação durante a diarreia?

A complicação mais frequente da diarreia é a desidratação, causada pela perda de líquidos e eletrólitos nas fezes. Por isso, é muito importante manter o consumo adequado de líquidos (mínimo 1,5-2,0 litros/dia).

Sempre dar preferência para água, água de coco e outros líquidos não adoçados (como sucos, por exemplo). Bebidas adoçadas podem piorar os episódios de evacuações. Além de se hidratar durante todo dia, é importante reforçar o consumo de líquidos após cada evacuação diarreica (ingerir cerca de 200 ml após cada episódio).

O uso do soro caseiro ou de sais de reidratação oral também é muito importante para manter a hidratação e repor os líquidos e eletrólitos perdidos. Essa orientação é ainda mais relevante em crianças e idosos. Sempre que possível, a primeira opção deve ser os sais de reidratação oral, pois nele sabemos a quantidade exata de eletrólitos presente, o que pode variar no soro caseiro.

DÚVIDAS SOBRE COMO SE HIDRATAR DURANTE A DIARREIA?

Como deve ser a minha alimentação durante os episódios de diarreia?

Durante os episódios de diarreia é comum que o apetite fique reduzido, mas é importante manter a alimentação conforme a tolerância. Quando náuseas e vômitos estiverem presentes, medicamentos para alívio desses sintomas podem ajudar na aceitação alimentar.

Alguns alimentos, entretanto, podem piorar a diarreia e devem ser evitados:

– Leite e derivados: durante a diarreia pode ocorrer uma intolerância transitória à lactose, por isso o consumo desses alimentos pode intensificar os sintomas.

– Gorduras: aceleram o trânsito intestinal e, para quem está num quadro diarreia, é quase como pedir uma piora significativa automática.

– Laxantes naturais: alimentos como mamão, ameixa, laranja e folhas em excesso vão “soltar” mais ainda o intestino.

– Açúcares e café: podem irritar ainda mais o intestino e piorar o quadro.

Dar preferência aos alimentos ricos em cereais ou amido, biscoitos de água e sal, caju, banana e arroz.

Referências:

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde [recurso eletrônico]. 5a ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2021

Martins HS, Aguiar FJB. Emergências clí­nicas: abordagem prática. 8a ed. Barueri: Manole, 2013

Riddle MS, DuPont HL, Connor BA. ACG Clinical Guideline: diagnosis, treatment, and prevention of acute diarrheal infections in adults. Am J Gastroenterol. 2016; 111(5):602-22

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